«Os colóquios da lusofonia são independentes, livres, admitem todos os temas, sem pressões de instituições ou governos»
Segunda, 21 Dezembro 2009 00:00
PGL / AGLP - Nesta entrevista o Presidente da Comissão Executiva dos Colóquios da Lusofonia, Chrys Chrystello, dá mais detalhes da sua tarefa e do seu compromisso social. Uma circum-navegação que o levou de Portugal a Timor, Macau e Austrália, com regresso a Portugal, onde atualmente reside nos Açores.
Com o lema «Não prometemos, fazemos», os Colóquios, que se realizam desde 2001 e já chegaram a 12 edições, têm escolhido em sucessivos anos, temas de atualidade como a questão da língua mirandesa, o português em Timor, o Acordo Ortográfico ou o português da Galiza.
«Os colóquios da lusofonia são independentes, livres, admitem todos os temas, sem pressões de instituições ou governos». Assim define Chrys Chrystello esta iniciativa cultural que começou a realizar-se em 2001-2002 e continua todos os anos a levar escritores, professores e investigadores dos quatro continentes a Bragança (em outubro) e aos Açores (em abril). Neste sentido, afirma serem os Colóquios «os representantes da sociedade civil capaz e atuante».
O seu recente livro Chrónicaçores: Uma circum-navegação, foi descrito como um belo texto com os lados de um triângulo: Autobiografia, livro de aventuras e registo histórico. Pode o leitor aproximar-se dele com três perspetivas, comprovando ao mesmo tempo a intensidade vital associada à crítica social, a minuciosidade na descrição dos factos, e a análise dos diferentes tipos humanos. Disse o autor em 2006: “O único defeito de que não podem acusar-me é de ser politicamente correto”.
A dinâmica dos Colóquios
O balanço dos últimos anos é, para o presidente dos Colóquios da Lusofonia, enormemente satisfatório, pondo como exemplo ter ajudado à criação da AGLP, a elaboração em curso da Diciopédia Contrastiva da Língua Portuguesa, com 36 especialistas a trabalhar na sua elaboração, a criação dos Estudos Açorianos que serão ministrados à distância na Universidade do Sul de Santa Catarina, e em modo presencial na Universidade do Minho. Entre os projetos em curso, o Museu da Língua Portuguesa em Bragança, previsto para começar a funcionar em 2011, e a promoção de uma nova Academia da Língua em Portugal, que considera absolutamente necessária.
O Encontro Açoriano da Lusofonia terá lugar em 2010 em Florianópolis, Santa Catarina, tendo previsto ir em anos seguintes a Maputo e Macau, manifestando também a sua vontade de se realizar uma edição na Galiza.
Política de língua
Entende o professor Chrystello que, nestes temas, o governo português não tem uma perspetiva histórica. Precisa-se a criação de uma política de longo prazo, independente de governos, para que a língua seja preservada, atuando lá onde houver falantes de português. Além disto, considera que o Acordo Ortográfico é “um ótimo instrumento” para uma política de língua de futuro, afirmando a facilidade para realizar as adaptações às novas regras.